Desconto hiperbólico nas decisões

Você prefere receber mil dólares em um ano ou 1.100 em um ano e um mês? Se você respondeu como a maioria das pessoas, então escolheu os 1.100 dólares em 13 meses. Faz sentido, pois um juro de 10% ao mês (ou 120% por ano) você não vai encontrar em lugar nenhum. Esse juro lhe indeniza por todos os riscos que você correria se esperasse um mês. Segunda pergunta: você prefere receber mil dólares hoje ou 1.100 em um mês? Se você respondeu como a maioria das pessoas, então escolheu os mil dólares hoje. É surpreendente. Em ambos os casos, você tem de aguardar exatamente um mês para receber cem dólares a mais. No primeiro caso, você se diz, se já esperei um ano, posso muito bem esperar mais um mês. No segundo caso, não. Portanto, tomamos decisões que, dependendo do horizonte temporal, são inconsistentes. A ciência chama esses fenômenos de desconto hiperbólico [hyperbolic discounting]. Significa que nossa “taxa de juro emocional” aumenta quanto mais próxima do presente estiver uma decisão.

 

Moral da história: a recompensa imediata é extremamente sedutora — e, no entanto, o desconto hiperbólico é um erro de pensamento. Quanto mais poder adquirirmos sobre nossos impulsos, mais êxito teremos em evitar esse erro. Quanto menos poder tivermos sobre eles — por exemplo, se estivermos sob a influência do álcool —, tanto mais sucumbiremos ao erro. Carpe diem é uma boa ideia — uma vez por semana. Mas aproveitar cada dia como se fosse o último é burrice.

A arte de pensar claramente – Edição ampliada (Dobelli, Rolf), página 166

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