O macaco e o gato, travessos e brincalhões, dois irmãos declarados, ambos com um senhor em comum, qualquer diabrura na casa era obra de Pug e Tom… Certo dia de inverno, o alegre par foi visto postado próximo à lareira da cozinha. Entre os rubros carvões a cozinheira colocara cuidadosamente algumas gordas castanhas para assar, e delas exalava uma forte fragrância oleosa que chegou às narinas do macaco. “Tom!”, diz, matreiro Pug, “não poderíamos nós dois saborear esta sobremesa que a cozinheira está preparando? Se eu tivesse as suas garras, eu tentaria logo: empreste-me uma pata – será um golpe de mestre.” Assim dizendo, ele pegou a pata do prestativo colega, agarrou a fruta e a enfiou na boca. Nisso voltou a senhora do templo, e rápido os gatunos se escafederam. Tom, por sua parte na pilhagem, ficou com a dor, enquanto Pug, com a guloseima, adoçou o seu paladar. FÁBULAS, JEAN DE LA FONTAINE, 1621-1695
As 48 leis do poder (Greene, Robert), página 397
Na fábula, o Macaco pega a pata do amigo, o Gato, e a usa para tirar as castanhas do fogo, conseguindo assim o que ele gosta sem se machucar. Se for preciso fazer alguma coisa desagradável ou pouco popular, é muito arriscado você mesmo fazer esse trabalho. A mão do outro apanha o que você quer, machuca quem você precisa machucar e não deixa que as pessoas percebam que você é o responsável. Que outra pessoa seja o carrasco, ou portador de más notícias, enquanto você só traz alegrias e boas-novas.
As 48 leis do poder (Greene, Robert), página 397